Religião
[Artigo para o público em geral] O Iluminismo criou uma cosmovisão sem precisar de Deus. O liberalismo político, que o acompanhou, separou o poder religioso, que visa obedecer a Deus, do poder político, que visa obedecer aos homens. A escola pública moderna nasceu e cresceu segundo os certames produzidos por essas duas forças e o
[Texto para o público em geral] Talvez um dos maiores erros que já cometemos na hermenêutica do Ocidente é o de tomar a história bíblica de Caim e Abel como uma denúncia a respeito da inveja. Fizemos isso por uma razão simples: A Bíblia do Antigo Testamento é, não raro, lida sob o crivo da
[Artigo indicado preferencialmente para o público acadêmico] As pessoas precisam voltar a sentir vergonha. “Vergonha na cara” – é o sentido dessa expressão que precisa ser recuperada. É assim que o Papa Francisco entende a vergonha – e a solicita. Ou quase isso, pois ele não está falando de honra, mas de comprometimento com um
Este artigo é indicado para o público em geral O filósofo romeno Emil Cioran escreveu: “Se Jesus houvesse acabado sua carreira na cruz e não tivesse se comprometido a ressuscitar, que belo herói de tragédia teria sido!”. Mas por que Jesus iria ficar com a tragédia, desconsiderando a comédia? Se não tivesse ressuscitado, Jesus seria
Na literatura filosófico-teológica, não é difícil encontrar o Velho Testamento sendo lido a partir de quatro esquemas simbólicos de apresentação de Deus. Citando Claus Westermann, Paul Ricouer lembra desses esquemas: o Deus que salva, ou seja, que liberta de um perigo exterior; o Deus que abençoa, isto é, que tem o dom da criação, da
Será mesmo que podemos levar a sério divergências religiosas, ideológicas, classistas, de gostos e tudo que implica alguma forma de exposição concatenada em uma forma de narrativa mais ou menos racional? Será que temos realmente divergências dessa ordem? Talvez nossas divergências — especialmente as que levam à violência religiosa — não sejam senão mero xenofobismo.
A existência histórica de Jesus é uma coisa, a divindade de Jesus é outra. Investigamos a primeira na disciplina história com a ajuda da arqueologia, da antropologia e de recursos das ciências naturais. A segunda é matéria da teologia. Não tenho a ver nem com uma e nem com a outra. Sou filósofo. Nós filósofos,
Um senhora postou no Facebook algo contra a minha explicação a respeito de Direitos Humanos e da chacina na prisão de Manaus: “ah, querer melhores prisões todos nós queremos, mas que não nos obriguem a sentir pena dos mortos, eram bandidos”. Uma outra postou, contra o papa: “esse papa é dessa esquerdalha, reza pelas famílias
Um bom leitor europeu do pragmatismo americano tradicional? Este: Peter Sloterdijk. Melhor ele fica quando o autor escolhido é William James, nos estudos de religião. A nova publicação em alemão do clássico de James, As variedades da experiência religiosa, traz um estupendo ensaio de Sloterdijk. Neste, encontramos o significativo trecho: “Seu [de James] caminho foi
Como já havia ocorrido com sua mãe, Ana, Maria também engravidou por fora da relação oficial. Mas, exceto pela participação de anjos anunciadores, as histórias dessas duas mulheres diferem. A história de Ana não pertence aos Evangelhos canônicos e sim aos apócrifos: Protoevangelho de Tiago, Evangelho do pseudo-Mateus e o Evangelho da Natividade da Virgem.
A minha professora de Catecismo se chamava Fátima. “Dona Fátima”, dizíamos. Saíamos da aula da manhã, fazíamos a tarefa, aí já era a hora do café da tarde. Pão, manteiga, leite, café e queijo. Em seguida, Catecismo. Bastava andar três quadras, atravessar o jardim do centro da cidade e se acomodar nos bancos da Igreja.
Falar contra ou a favor da religião é fácil, mais complicado é compreendê-la. Os midiagogos fazem o primeiro serviço ou, melhor dizendo, o desserviço. Os filósofos autênticos vão pela segunda tarefa. Por que somos animais religiosos?
Religião e política nunca se desligaram.
Nossa democracia liberal pode viver sem Deus, mas não sem Jesus.
A religião não deve passar da soleira da porta da escola?
Temer fez um convite ao bispo da Igreja Universal, Marcos Pereira, para ocupar a pasta do ministério da Ciência e Tecnologia. Qual a objeção válida?
A homossexualidade de Paulo, o santo, é sempre matéria de boa conversa. Por duas razões: sua obstinação, que filósofos como Cioran (1) tomaram como típico fanatismo; e sua capacidade de ampliar as bases da doutrina cristã, tornando-a apta para adoção por mais povos. A questão não é desimportante e não se resume à fofoca burguesa
Acreditamos em anjos que são oriundos das narrativas judaico-cristãs. Ao menos à primeira vista. Esquecemos de investigar as características de nossos anjos. Deveríamos fazer isso, aprenderíamos muito sobre eles, especialmente sobre os que mais confiamos, os anjos da guarda.
É fácil ter 16 anos e ficar tentando ironizar a religião. Mas é necessário fazer 17 anos e parar com isso. Tente. Tente começar a entender a religião sem ceder aos palestrantes de stand up pseudo-acadêmico.
O presidente do Irã Hassan Rohani esteve no Vaticano, e o Papa Francisco o recebeu com alegria. Para tal visita, tomou precauções: mandou cobrir os nus artísticos que povoam as passagens sagradas do Vaticano. O líder muçulmano não acha correto o nu se envolver em lugares sagrados. Alguns viram a atitude do Papa errada, hipócrita.
Se a definição de Amós Oz for correta a respeito do que são os fanáticos, e do que somos nós em comparação com eles, certos livros do filósofo Giorgio Agamben (e de Foucault e outros), deverão ser postos de lado.
Ser ateu era ser inteligente, mas no século XVIII. Foi o caso de um Diderot. No início do século XIX ainda era ser inteligente. Foi o caso de Feuerbach. Marx não! Marx não era ateu porque nunca se colocou de fato uma tal questão. Ele entendia o ateísmo como algo do passado, algo que se
O assunto sobre direito ao aborto reapareceu. A bancada conservadora no Congresso quer punir até quem toma a pílula do dia seguinte? Como fica?
Deus disse ao homem, no Jardim do Éden, que ele poderia comer de todas as árvores dali, mas que não podia comer da “árvore do conhecimento do bem e do mal”, “porque no dia em que dela comer, com certeza você morrerá”.
Escutei de uma moça professora de filosofia (creio que por uma revista popular) que é o “machismo” que sustenta a criminalização do aborto. Caso eu escutasse isso de outra pessoa, talvez até desse ouvido, mas como veio de uma professora de filosofia, isso me fez estranhar. Ou seja: quem tem um diploma de filosofia na
Minha amiga do peito Susana de Castro, filósofa que trabalha na UFRJ, às vezes se insurge contra Israel. Por razões sentimentais e de formação, ela se alinha fácil a um vício da esquerda brasileira: fazer dos terroristas palestinos um problema inexistente, olhando apenas a população palestina sofrendo com as bombas israelenses. Quando isso começa a
A destituição da oração da força de seu conteúdo de modo a torná-la ou penitência ou negociação faz parte do mesmo processo da anulação do pensamento no campo da atividade mental. Até porque tanto a oração quanto o pensamento são uma volta ao lar. A oração se efetiva por meio da evocação do passado e
Você é jornalista ou universitário ou leitor comum e não sabe o que o papa foi fazer na Bolívia? Ora, ele foi justamente homenagear o homem do crucifixo incrustado na foice e martelo.
A Bolívia é um país atrasado. A Igreja Católica é uma instituição velha. A velha cruz feita na base do atraso ideológico da foice e o martelo chegam às mãos do papa, o representante do velho, pelas mãos de Evo Morales, o representante do atraso. O papa Francisco foi presenteado pelo presidente boliviano com um
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